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Registros históricos desmentem alarmes de ‘Apocalipse Climático”

Dados meteorológicos demonstram claramente que fenômeno “El Niño” se repetiu diversas vezes nos últimos 100 anos, com maior ou menor intensidade que a registrada em 2023

O domingo (22/10) teve, em Mato Grosso do Sul, temperaturas acimados 40°C registradas em 7 municípios diferentes. Em Porto Murtinho e Nhumirim (Fazenda Embrapa no Pantanal), as temperaturas passaram dos 41°C. Em Campo Grande, a máxima foi de 38,1°C, segundo dados da Estação Anhanguera/Uniderp.

Essas temperaturas ainda estão longe das máximas já registradas no mês de outubro em Mato Grosso do Sul, desde o início das medições. O calor mais intenso já registrado neste Estado aconteceu em 1° de outubro de 2020, quando os termômetros chegaram aos 44,6°C em Água Clara e 44,1°C em Coxim. Naquele mesmo dia, foram registrados 43,4°C em Corumbá, 42,9°C em Três Lagoas, 42,5°C em Paranaíba, 42,2°C em Cassilândia, 41,8°C em Porto Murtinho e 41,1°C em Campo Grande. O causador de todo esse calor é o mesmo fenômeno “El Niño”.

Olhar 67 - Registros históricos desmentem alarmes de ‘Apocalipse Climático”

Em 1926, rios, igarapés e lagos amazônicos baixaram e secaram. Ribeirinhos caminhavam por rios e lagos onde antes navegavam e pescavam com pirogas. Barcos e casas flutuantes ficaram encalhados nas margens a mais de 1 quilômetro da água corrente dos Rios Negro, Solimões e Amazonas. O nível do Rio Amazonas baixou ao menor valor já registrado em Manaus até hoje! Em 1926, a onipotência humana ainda não tinha dimensões amazônicas. Ninguém se sentia capaz de secar o Amazonas, destruir o planeta ou muito menos realizar sua salvação. Ninguém culpou o desmatamento da Amazônia.

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A seca de 1926 na bacia amazônica tinha um “responsável”, o fenômeno climático El Niño. Sem chuvas, as matas dos igapós pareciam de terra firme. A mortandade de peixes foi grande, para alegria de muitas aves. Em Rondônia, na Cachoeira de Santo Antônio, podia-se quase atravessar o Rio Madeira sobre as rochas. Em Manaus, casas sobre palafitas ficaram em terra seca. Imensas ilhas e praias de areia surgiram nos rios. Há séculos é assim, a cada três ou quatro anos, com maior ou menor intensidade. Não se assuste com imagens midiáticas.

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O El Niño é um fenômeno atmosférico-oceânico de ocorrência no Pacífico Equatorial, há milhares de anos. As águas ficam com temperaturas superiores à condição média histórica. Essa mudança acarreta efeitos globais nos padrões de circulação atmosférica, transporte de umidade, temperatura e precipitação, diferenciados em várias partes do planeta.

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A concentração de águas oceânicas mais quentes nas costas do Peru reduz os cardumes e prejudica a pesca. Por ocorrer no tempo do Advento do Natal, os pescadores, há séculos, deram ao fenômeno um nome associado ao do Menino Jesus.

Era um sinal. Um direito trabalhista: El Niño desejava vê-los descansar e passar mais tempo com suas famílias no Advento do Senhor. Em muitas questões climáticas, como no El Niño, as narrativas do perene consórcio da mídia e seus “especialistas” apresentam como excepcionais eventos absolutamente normais. E tentam impor comportamentos e teses anormais à sociedade, como se normais fossem.

O leitor não se assuste com narrativas climáticas catastrofistas. Nos últimos cem anos, foram contabilizados 27 episódios de El Niño de intensidades variadas. O fenômeno pode durar um ano, dois e até três. Foram 54 anos sob influência do El Niño, em um século, desde 1923! Nada de excepcional neste advento do El Niño, ao contrário do assinalado por parte da mídia apocalíptica e seus habituais “especialistas”, em tom de terrorismo climático.

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Os registros temporais do El Niño alcançam um século e meio, com vários tipos e consequências. Quem tiver paciência pode ler e constatar as durações e intensidades: 2018-2019, fraca; 2014-2016, forte; 2009-2010, moderada; 2006-2007, forte; 2004-2005, fraca; 2002-2003, moderada; 1997-1998, forte; 1994-1995, moderada; 1990-1993, forte; 1986-1988, moderada; 1982-1983, forte; 1979-1980, fraca; 1977-1978, fraca; 1976-1977, fraca; 1972-1973, forte; 1968-1970, moderada; 1965-1966, moderada; 1963, fraca; 1957-1959, forte; 1953, fraca; 1951, fraca; 1946-1947, moderada; 1939-1941, forte; 1932, moderada; 1925-1926, forte; 1923, moderada; 1918-1919, forte; 1913-1914, moderada; 1911-1912, forte; 1905-1906, forte; 1902-1903, forte; 1899, forte; 1896-1897, forte; 1888-1889, moderada; e 1877-1878, forte.

Qual será a intensidade e a duração do El Niño 2023-2024? Ninguém sabe. Houve uma dezena de eventos de forte intensidade em cem anos. O último ocorreu entre 2014 e 2016. Na Amazônia, o nível do Rio Negro baixou mais de 7 metros, apenas em outubro de 2015. Dada a dificuldade de locomoção, as aulas foram suspensas para mais de 3 mil alunos de 29 escolas de Manaus. A capital enfrentou por mais de 20 dias a fumaça de mais de 11 mil focos de queimadas na Amazônia. Com a queda na vazão dos principais rios amazônicos, as usinas hidrelétricas paralisaram turbinas e operaram em níveis de geração muito baixos.

Prefeituras distribuíram água com caminhões-pipa, como em Paraopeba, dada a seca nos reservatórios.

Como neste ano, em 2015 uma onda de calor, bem maior, atingiu o Centro-Oeste, o Sudeste, parte do Norte e do Nordeste entre setembro e outubro. Mais de 30 cidades com estações do INMET registraram temperaturas acima de 40 °C em 16 de outubro. Palmas registrou 42,1 °C nesse dia. E Manaus teve a sua maior temperatura em 90 anos: 38,9 °C, em 21 de setembro de 2015.

Agora, a presença do enfant terrible do clima assanha jornais e editoriais: “El Niño ameaça a inflação e já preocupa o Banco Central”, anuncia o Valor Econômico. Mais um ponto na atribulada pauta de Roberto Campos Neto, o presidente do Banco Central. “El Niño deve virar Super El Niño e intensificar efeitos no clima no fim do ano”, vaticinam na CNN. E o catastrofismo não se limita ao Brasil: “El Niño representa a maior ameaça em décadas para espécies vulneráveis em Galápagos”, avisa a agência AFP. Haja travessura.

Para os Velhinhos do Restelo, apesar de todo o investimento em tecnologias, desta vez o agro não escapará das travessuras do “El Niño Travieso”. A safra brasileira será uma das mais prejudicadas do mundo pelo fenômeno climático El Niño, profetizam na mídia.

Ano chuvoso ou seco, quente ou mais frio, sempre favorece algumas culturas e prejudica outras. Não existe clima ideal simultaneamente para todas as atividades agropecuárias. No Nordeste, irregularidade e falta de chuvas podem trazer prejuízos às culturas intensivas na região do Matopiba. Para tanto, o fenômeno deveria ser muito intenso desde já. E isso ainda não ocorre. Frustrações de safra de milho e feijão no semiárido trarão dificuldades aos pequenos agricultores do sertão. Ações estão previstas pelas autoridades?

A mesma falta de chuvas favorece a irrigação no Vale do São Francisco e no semiárido. O excesso de chuvas entre 2021 e início de 2022 comprometeu 80% das safras de uva e de manga do primeiro semestre, com prejuízos estimados em R$ 60 milhões. Com as chuvas, as uvas incham e estouram. Na irrigação é dada a água em quantidade necessária para a parreira se desenvolver bem e produzir frutos de qualidade. Para quem irriga é melhor não chover, nunca.

El Niño é sinônimo de boas perspectivas para os grãos. Seus padrões de chuva e temperatura favorecem as regiões produtoras de soja e milho no Sul, Sudeste e parte do Centro-Oeste. Sobretudo para o milho de segunda safra, produzido no inverno, com o aumento da umidade e a maior regularização das chuvas no Sul e no Sudeste. Algumas pragas, doenças e plantas daninhas terão o desenvolvimento favorecido pelo aumento da pluviosidade. Os produtores têm tecnologias para enfrentá-las, mesmo com mais gastos com defensivos. Mais chuvas no Sul e no Sudeste favorecem a produção e a permanência das pastagens, mesmo no inverno, com benefício à pecuária.

Muita chuva, pode causar encharcamentos, prejudicar a cana-de-açúcar, o café e a operação de máquinas no campo. Muita umidade derruba a concentração de açúcar na cana, diminui a extração do caldo (etanol e açúcar) e dificulta colheita e transporte para moagem. Para comprometer a safra, o fenômeno precisaria ser muito intenso em 2023 e no início de 2024. Difícil.

A menor das luzes sempre vence as trevas. Nestas noites, olhe para os céus e poderá enxergar uma chuva especial. Não de água, e sim de meteoros: as Oriônidas. Elas estendem-se entre 4 de outubro e 14 de novembro. O máximo é no 21 de outubro: a taxa zenital chega a 23 meteoros por hora. Não tem relação com mudanças climáticas. São apenas detritos deixados pelo cometa Halley, quando de sua passagem nestes pagos cósmicos. Torça por céu limpo e olhe em direção às Três Marias, o Cinturão de Órion, a partir das 22h45. Lindo de ver em áreas rurais, distantes de luzes urbanas, apagadoras de estrelas.

Meteoros escrevem direito por linhas elípticas. Fenômeno mais regular e menos conhecido, comparado ao El Niño. E menos polêmico. Às trevas da criatura, responde a Noite da Transcendência (São João da Cruz). Atenção à crase (krâsis).

Com informações de: Evaristo de Miranda para Revista Oeste

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