Nessa época do ano, muito se fala sobre o papel do homem na criação dos filhos, ou ainda sobre a movimentação do comércio em torno do Dia dos Pais. No entanto, um tema importante merece atenção e vem sendo cada vez mais abordado nos consultórios médicos. Estamos falando de infertilidade masculina.
Mais do que genética, a garantia de saúde está diretamente associada às escolhas e hábitos desenvolvidos durante a vida e, quando falamos da saúde do homem, não é diferente.
Segundo Ari Miotto Júnior, urologista e professor do curso de Medicina da Uniderp, a busca por tratamento tem aumentado nos últimos anos, pois os casais têm manifestado o desejo de encarar a maternidade quando em idades já avançadas e, tanto os homens quanto as mulheres, ficam mais expostos a agentes que deterioram a função seminal, com o decorrer do tempo.
São vários os fatores que desencadeiam a infertilidade masculina. “Infecções do sistema urinário; causas genéticas, hormonais ou relacionadas à obesidade e ao uso de medicamentos, além da varicocele, maior causadora da infertilidade em homens”, explica o especialista ao enfatizar que a varicocele é uma doença caracterizada por varizes no cordão espermático e, nestes casos, o tratamento é cirúrgico.
Como forma de prevenção é recomendável acompanhamento médico regular, evitar tabagismo, bebida alcoólica e carne vermelha em excesso. Em casos de doenças do trato urinário, é imprescindível que o tratamento seja realizado o mais rápido possível, pois ele pode diminuir a possiblidade de dano ou lesão no testículo.
Quando identificada a doença, o método de tratamento é determinado de acordo com a causa. “Para cada origem, há um procedimento específico. Se for infecção é preciso tratá-la antes de mais nada. Se o que desencadeou foi distúrbio hormonal, muito comum hoje em dia inclusive em pacientes jovens por conta do uso de anabolizantes com o objetivo de melhorar performance física e ganhar massa muscular, o tratamento ocorre com reposição hormonal para que haja equilíbrio e o homem volte a produzir espermatozoide, salienta o médico.
Como identificar a infertilidade?
Aproximadamente 15% dos casais apresentam dificuldades ligadas ao desejo de serem pais, de forma biológica. “As causas estão relacionadas em 35% dos casos ao homem, 35% às mulheres e 30% ao homem e à mulher. Atualmente há um equilíbrio no índice de infertilidade e o acompanhamento médico deve ser fundamental para ambos os sexos”, destaca o urologista.
Aceitar que há algo incomum na reprodução não é uma tarefa fácil; identificar quando é hora de procurar um especialista muito menos. “Habitualmente considera-se um casal infértil depois de um ano de relações sexuais sem método contraceptivo. É o tempo necessário para investigação e avaliação individual, considerando os fatores desencadeadores já mencionados”, completa. Casos de pacientes mais idosos, que passaram por radioterapia e quimioterapia; ou por procedimento cirúrgico nos testículos, podem ser investigados a partir do momento em que há o desejo de ser pai, considerando o histórico do paciente.
Como principal ferramenta de identificação, o exame laboratorial realizado para avaliar o grau de fertilidade é o espermograma que analisa características gerais da amostra, como aspecto, cor, viscosidade, volume e pH, bem como a concentração, morfologia e motilidade dos espermatozoides. Entretanto, em algumas situações são solicitados pelo médico exames genéticos, entre eles o cariótipo, ultrassom da bolsa testicular e avaliação hormonal geral.
Infertilidade x esterilidade
A diferença de infertilidade e esterilidade é que, no primeiro caso, o quadro pode ser revertido, já no segundo, não é possível.
A infertilidade é diagnosticada após o casal manter tentativas para engravidar e é passível de tratamento. Já o conceito de esterilidade diz respeito às chances inexistentes que independem de hábitos saudáveis e acompanhamento médico.
Portanto, as causas de esterilidade podem ser atribuídas a problemas no sistema reprodutor. Nos homens os casos frequentes são ligados à deficiência na produção espermatozoides; enquanto as mulheres podem apresentar patologias congênitas ou malformações, por exemplo.
Se encaixa no diagnóstico de esterilidade também, métodos contraceptivos definitivos, como a vasectomia (masculino) e a laqueadura (feminino). “Nesses casos, há uma chance de reversão se o procedimento foi realizado no período máximo de dez anos. Não há garantia de sucesso, mas a possibilidade aumenta conforme o menor intervalo entre o método definitivo e o procedimento para sua reversão”, conclui Ari Miotto.
Com informações: Assessoria de Comunicação Uniderp