Azia, regurgitação e aquele gosto azedo na boca são sensações que causam desconforto e sinais de um possível diagnóstico de refluxo.
A cada três ou quatro horas o estômago produz uma maior quantidade de ácido para auxiliar na digestão dos alimentos. O refluxo acontece quando esse líquido escapa do estômago e sobe pela parede do esôfago, chamado então de refluxo gastroesofágico. “De forma geral o refluxo é classificado de acordo com o grau de acidez de seu conteúdo, podendo ser ácido ou não ácido. O que pouca gente sabe é que, em determinadas circunstâncias, ele pode atingir a região das cordas vocais, causando o refluxo laringofaríngeo”, explica a médica gastroenterologista e professora do curso de Medicina da Uniderp, Isadora Elias Pereira.
Veja as características, sintomas e tratamento para cada uma das variações.
Refluxo gastroesofágico
Refluxo gastroesofágico é o retorno do conteúdo presente no estômago para o esôfago. “Ao longo do dia, podemos ter alguns episódios de refluxo, sem que isso seja considerado uma doença. No entanto, quando o número de episódios de refluxo por dia aumenta, quando os sintomas se intensificam ou quando temos uma lesão do esôfago devido a repetida exposição à acidez do suco gástrico, podemos diagnosticar a Doença do Refluxo Gastroesofágico”, destaca Isadora Elias.
Os sintomas mais clássicos são a azia (queimação) e regurgitação (retorno de conteúdo ácido ou com alguns restos alimentares). Já o tratamento envolve o uso de medicamentos que reduzam a acidez do suco gástrico, cicatrizando as lesões provocadas, não esquecendo de avaliar hábitos e rotina que podem minimizar os desconfortos. Em alguns casos, indica-se o tratamento cirúrgico.
Refluxo laringofaríngeo
Ocorre quando o conteúdo do estômago sobe para as partes mais altas do esôfago e chega na transição com o sistema respiratório, podendo atingir a boca, faringe e laringe, por exemplo. “Quando isso ocorre, há uma irritação dessa região e além de queimação, o indivíduo pode ter tosse, pigarro, ardor na garganta e cansaço ao falar ou cantar”, destaca a especialista.
Nos casos mais sérios, principalmente em crianças e idosos, podem surgir otites e sinusites de repetição, além de pneumonias e outras alterações pulmonares. Exames como a nasofaringolaringoscopia, endoscopia digestiva, pHmetria, biópsia, e exames radiológicos podem ajudar na identificação da doença. O tratamento cirúrgico pode ser uma solução, quando indicado pelo médico que acompanha o histórico do paciente.
A gastroenterologista menciona que os sintomas e agravamento da doença podem prejudicar a qualidade de vida dos pacientes provocando interferência no sono, dor de garganta recorrente, asma, erosões dentárias, infecções de ouvido recorrentes e mau hálito, dentre outros; e destaca que os caminho para a prevenção e minimização dos sintomas é o mesmo. “As medidas comportamentais são o segredo. Dentre elas, podemos citar o controle do sobrepeso e das circunferências abdominais, mastigação prolongada dos alimentos, evitar refeições ricas em gorduras/frituras, evitar líquido durante as refeições, aguardar pelo menos 2 horas após as refeições para deitar-se, cessar o tabagismo, reduzir o consumo de álcool, condimentos e café. Lembrando que diante de qualquer um desses sintomas, é essencial que um especialista seja procurado para avaliar o quadro clínico, identificar o diagnóstico e introduzir o tratamento adequado”, completa.
A doença do refluxo gastroesofágico afeta aproximadamente 27% dos adultos e 7-20% da população pediátrica. Há uma incidência semelhante em ambos os sexos, e os estudos mostram aumento do risco de ocorrência com a idade. Mas é preciso considerar que fatores de risco, tais como obesidade, tabagismo, alimentação inadequada e presença de hérnia de hiato; predispõem a sua ocorrência, fazendo com que a doença possa surgir em qualquer idade.
Com informações: Ascom Uniderp