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Doações de órgãos zeram em agosto e prejudica pacientes na fila de espera

A falta de laboratório no Estado impossibilita o processo de captação e transplantes de órgãos na Santa Casa

Desde o início de agosto de 2022, a Organização de Procura de Órgãos (OPO) da Santa Casa de Campo Grande está impossibilitada de captar e disponibilizar órgãos para transplantes em todo o país. O motivo é que, desde então, não há laboratório no Estado que realize exames de compatibilidade e pacientes renais crônicos que aguardam na fila por um órgão não podem ser inseridos no sistema e ou se querem manter-se ativos, devido a não atualização desses dados importantes.

Segundo os dados levantados pela OPO do hospital, no mês de agosto, as doações neste período zeraram. A coordenadora médica da OPO, dra. Patrícia Berg Leal, explica ainda que o impacto no serviço é grande, tendo em vista que das 10 famílias entrevistadas sobre a possibilidade de doação de órgãos, seis delas não autorizaram pelo receio na demora da liberação do corpo, isso por falta desses exames de histocompatibilidade em Mato Grosso do Sul. A alternativa da Secretaria de Estado de Saúde (SES), diante dessa situação, é que esses exames sejam feitos em outros estados, sendo que o laboratório com menor tempo de entrega desse resultado tem um tempo estimado de até dois dias.

O reflexo dessa situação difícil é sentido especialmente pelos 79 pacientes da Santa Casa que estão em tratamento de diálise crônica, sendo que, destes, 36 estão listados ou em estudo para entrarem na fila por um rim. Um grande desafio para quem vive diariamente em contato com as famílias dos potenciais doadores a espera pela autorização do processo. “Não haverão doações assim, e com isso os pacientes que aguardam por um órgão continuarão à espera, porém sem uma devolutiva sobre o desfecho. Se não tiver doação, não terá transplante. É difícil para as famílias esperarem tanto tempo pela liberação desses exames fora”, reforçou dra. Patrícia.

A coordenadora explica ainda que a situação já passou de uma simples preocupação para o serviço e que passados quase um mês sem a finalização do processo, agora o cenário é de alarmante. “Em agosto 23 órgãos foram deixados de ser ofertados, foram dez rins, cinco fígados, quatro pâncreas e quatro corações que estavam aptos e poderiam salvar inúmeras vidas aqui e fora do Estado. É uma situação alarmante e extremamente séria”, destacou a coordenadora da OPO Santa Casa. 

A rotina diária dos atendimentos no ambulatório do Serviço de Diálise da Santa Casa tem sido angustiante, de acordo com a médica nefrologista, dra. Rafaella Campanholo, responsável técnica pelos transplantes renais. “Nós estamos sofrendo com toda essa situação tanto quantos os pacientes. É um descaso com àqueles que são portadores de doenças crônicas. E desses rins que estavam aptos, poríamos ter aproveitado todos, principalmente dos doadores mais jovens”, enfatizou.

A especialista destaca ainda que o programa de Saúde Pública relacionado aos renais crônicos inclui a oferta de terapias e o transplante é uma delas. “Infelizmente, não são todos os lugares que possuem esse tipo de terapia complexa e aqui na Santa Casa nós temos esse serviço estruturado e resolutivo, mas, sem um laboratório não há exames periódicos para doação e os transplantes ficam comprometidos”, afirmou dra. Rafaella.  

O hospital

A Santa Casa de Campo Grande não faz parte do processo de negociação das autoridades em saúde pública com laboratórios, mas, é prestadora desse serviço à população de todo o Estado e tem sentido ao longo deste mês os efeitos dessa situação, que é a indisponibilidade da captação e transplantes de órgãos e tecidos, além da suspensão do Transplante Renal no Estado.

Dada essa situação, o hospital oficializou à Secretaria Municipal de Saúde (SESAU), Secretaria de Estado de Saúde (SES), Conselho Regional de Medicina (CRM) e até ao Ministério Público (MP), essa preocupação, somada à necessidade de se manter um serviço tão importante aos pacientes dialíticos.

Campanha Setembro verde

O mês é dedicado ao fortalecimento do incentivo à doação de órgãos e tecidos, período em que o país todo celebra exemplos de solidariedade. O “Setembro Verde”, tem seu ponto mais alto durante a campanha no dia 27, quando se comemora o Dia Nacional da Doação de Órgãos. E sendo referência no atendimento aos pacientes neurológicos críticos, a Santa Casa de Campo Grande tem um bom histórico em relação aos órgãos ofertados devido à boa manutenção dos potenciais doadores nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).

Todo esse cuidado realizado pelas equipes do hospital influencia na aceitação, pelos centros transplantadores em todo o país, dos órgãos aqui captados. A ação também reforça que aqueles que quiserem, podem expressar a sua vontade em serem doadores de órgãos ainda em vida. E nesse caso é preciso apenas informar a família, já que após o diagnóstico da morte encefálica, só o familiar responsável poderá autorizar a doação.

E em vida, apenas órgãos duplos podem ser doados como o rim, parte do fígado, parte do pulmão e a medula óssea.

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