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“Não queremos um ladrão na presidência do Brasil!”

Acampamentos em frente a unidades militares se espalham por todo o País

Em Campo Grande, desde o final da tarde da terça-feira (01/11), mesmo com chuva e frio, um grupo de centenas de pessoas está acampado na Avenida Duque de Caxias, em frente ao quartel do Comando Militar do Oeste. O motivo da manifestação é um pedido de socorro às Forças Armadas Brasileiras para fazer valer o direito à liberdade de expressão diante do processo eleitoral.

No dia de feriado de finados (02/11) na quarta-feira, uma multidão de pelo menos 10 mil pessoas, de acordo com estimativas de pessoas que estavam nos veículos de som, estiveram reunidas no local. A manifestação pacífica teve a participação de famílias inteiras, inclusive com crianças e idosos. “Quero um futuro decente para meus netos e bisnetos”, gritava uma senhora carregando a bandeira do Brasil, debaixo de uma chuva fina e 11°C.

À medida que o volume de pessoas aumentava, grupos de voluntários organizavam alimentação e água para os manifestantes. Eles coletaram doações entre empresários, mas trabalhadores assalariados também contribuíram.

A frase do título desta reportagem era repetida como um mantra pelos presentes na manifestação: “Não queremos um Ladrão na presidência do Brasil”, referindo-se ao candidato do PT, que chegou a passar mais de 600 dias em cárcere privado devido a três condenações por corrupção, julgadas em três instâncias do judiciário.

Olhar 67 - “Não queremos um ladrão na presidência do Brasil!”
Em São José dos Campos (SP), a manifestação foi em frente ao CTA (Centro Técnico Aeroespacial) da Aeronáutica. Foto: Danilo Souza

Socorro — O principal pedido dos manifestantes é o pedido de socorro às forças armadas. Eles repetem o pedido da população feito em 1964 para impedir que os militantes dos partidos de esquerda assumissem o poder no Brasil. Na ocasião, os militares assumiram o poder Executivo a pedido da população, após o Congresso Nacional declarar a vacância da cadeira de presidente da República. A atual Constituição Nacional não prevê dispositivos semelhantes que permitam uma intervenção nos mesmos moldes da ocorrida em 1964, por isso, o pedido da população é que seja restaurada a ordem democrática no país, quebrada pelas decisões tomadas pelos ministros do TSE durante a campanha eleitoral, inclusive censura – proibida pela Constituição Brasileira – e que desequilibraram a disputa pela presidência da República.

De acordo com o Procurador Estadual de MS, Felipe Gimenez, a única forma de resolver todas as dúvidas envolvendo o processo eleitoral brasileiro é com o a implementação do voto impresso auditável, o que dará maior transparência ao processo de votação.

Greve geral — As manifestações ganharam força no feriado e no final de semana e perdem público em horário comercial e durante a madrugada, apesar de não encerrarem completamente em nenhum momento. Para a próxima segunda-feira (07/11) os manifestantes anunciam uma greve geral para paralisar todo o país em forma de protesto. Um grupo de mais de 100 caminhões deixou a cidade de Sorriso (MT) e segue em caravana pela BR 163 para Brasília, para engrossar os protestos que seguem na capital federal há 6 dias, mesmo debaixo de chuva.

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, o candidato do Partido dos Trabalhadores, Luís Inácio Lula da Silva, teve 60.345.999 votos, representando 50,90% dos votos válidos. Já o candidato à reeleição pelo Partido Liberal, Jair Messias Bolsonaro, teve 58.206.354 votos, o que representa 49,10% dos votos válidos.

No primeiro dia após a divulgação dos resultados, começaram as manifestações contrárias aos números apresentados. Nas redes sociais multiplicaram as denúncias de comportamento estranho dos equipamentos eletrônicos responsáveis pela captação dos votos. Em um deles, uma mesária mostra que o identificador biométrico aceita até as costas do dedo para identificar o eleitor. Em outro, a mesária também mostra o terminal de cadastro registrando que o voto para um candidato à presidência faz “espelho” para o concorrente, contando dois votos para um único eleitor.

Após a totalização dos votos em todo o Brasil, o TSE abriu os dados para que a população possa conferir a votação em cada seção eleitoral. A partir daí começaram a surgir mais reclamações pela ocorrência de votação unânime no candidato do PT em algumas seções, como foi o caso da seção eleitoral 158 do município de Confresa, em MT. A votação em um único candidato também ocorreu com as seções 431 e 461 do município de Barra do Garças (MT), nas quais o candidato do PT teve, respectivamente, 238 e 81 votos contra 1 voto do candidato à reeleição. De acordo com o TRE-MT, a seção eleitoral 158 de Confresa está localizada em terra indígena, o que explicaria a unanimidade de votos para o candidato petista. No entanto, no Município de Manicoré (AM), onde também foi registrado o mesmo comportamento de votos no candidato petista, os eleitores indígenas se manifestaram em vídeo pelas redes sociais declarando que votaram em Jair Bolsonaro, contrariando os números coletados dos boletins de urna.

Auditoria — Na última sexta-feira (04/11), o estatístico responsável pelo canal ‘La Derecha Diário’, no YouTube, Fernando Cerimedo fez uma ‘live’ que chegou ao Brasil pelo aplicativo Getter, apresentou uma análise de dados que apontou graves inconsistências nos números apresentados pelo Tribunal Superior Eleitoral do Brasil como resultados da votação no segundo turno das eleições presidenciais. Cerimedo apontou diferença de comportamento dos números registrados nos equipamentos conforme o ano de fabricação. Aqueles equipamentos com fabricação em 2020 apresentaram resultados coerentes com o comportamento dos eleitores da região em que estava localizada a seção eleitoral, segundo análise do estatístico argentino. No entanto, quando observados os resultados coletados pelas urnas mais antigas, de fabricação anterior a 2020, houve uma vantagem em número de votos a favor do candidato petista variando de 8 a 10%, independente do local da seção eleitoral onde o equipamento esteve em funcionamento. Todas as urnas que registraram zero votos para o candidato à reeleição presidencial eram de fabricação anterior a 2020.

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Fernando Cerimedo apresenta análise de auditoria feita em dados divulgados pelo TSE. Foto: Reprodução internet.

O maior volume de inconsistências observadas aconteceu em cidades pequenas, com menos de 100 mil eleitores, na região Nordeste. No entanto, também há casos registrados de inconsistências em todas as outras regiões. Com base nos dados divulgados pelo TSE foi feito um mapa apontando os locais onde a ocorrência foi registrada. Não houve denúncia ou observação de que o candidato do PT tenha zerado votos em alguma seção eleitoral, apesar de ter votação quase inexpressiva em alguns Estados como Roraima e Mato Grosso.

Neste domingo (06/11), Fernando Cerimedo fez nova divulgação pela internet da continuação da análise dos números divulgados pelo TSE. A apresentação dele com as análises já vinha sendo compartilhada em grupos de aplicativos de celular desde a noite de quarta-feira.

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Análise de dados feita por técnico argentino apresenta inconsistências nos números divulgados pelo TSE. Foto: Reprodução redes sociais.

As análises e transmissão dos resultados foram feitas a partir da Argentina devido à censura imposta no Brasil a este tipo de conteúdo. Também porque as redes sociais no Brasil adotaram censura prévia a este tipo de conteúdo, o que colocaria a transmissão em risco se fosse feita em território nacional. Fernando Cerimedo é um estrategista e consultor especializado em marketing digital e político de Buenos Aires (AR) e é proprietário de diversos canais ligados à direita argentina.

Reação — Logo após a primeira transmissão feita da Argentina, o TSE interrompeu a divulgação dos dados, deixando a página de consulta fora do ar por várias horas. Durante esse tempo, a mensagem afixada nas redes sociais em todas as postagens que tratem de política, que apresentava a frase “O vencedor da eleição presidencial foi declarado. Veja os resultados oficiais no site do TSE” chegou a ser mudada para “A apuração dos votos do segundo turno está em andamento”. Quando a página do TSE voltou ao ar, foi possível observar que houve alteração nos dados da página que registrava a data de sábado nas informações de ‘log’ da página que ficam visíveis no ‘script’ do navegador.

Imprensa — Por determinação do presidente do Tribunal Superior Eleitoral do Brasil, Alexandre de Moraes, os veículos de comunicação brasileiros estão proibidos de divulgar quaisquer questionamentos ou reportagens que coloquem em dúvida a lisura do processo eleitoral brasileiro, bem como o funcionamento das urnas eletrônicas ou ainda relembrar fatos que relembrem os motivos que levaram o candidato petista a passar mais de 600 dias na cadeia entre 2018 e 2019. É possível que, pelo mesmo motivo, os veículos de comunicação têm sido comedidos na divulgação das manifestações por todo o Brasil. A postura da maioria dos programas em tv aberta e portais de comunicação é dando destaque ao início do processo de transição de governo.

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Repórter da TV Al Jazeera faz cobertura das manifestações no Rio de Janeiro (RJ). Foto: Reprodução TV Al Jazeera

Repercussão mundial — Como a imprensa local está proibida de divulgar as manifestações e as críticas ao sistema eleitoral brasileiro, a informação das manifestações chegou por redes sociais aos veículos da imprensa internacional. Canais como FOX americana, NBC, Al Jazeera, entre outros já enviaram profissionais ao Brasil para cobrir as manifestações. Jornalistas brasileiros que vivem nos EUA e na Europa só conseguem divulgar notícias do Brasil através de seus canais hospedados em território estrangeiro. Da mesma forma, as notícias do Brasil sobre as manifestações são melhor acompanhadas em canais de Portugal, Espanha, EUA, Alemanha, Inglaterra e Países Árabes.

Após as divulgações da auditoria e crescimento das manifestações a hashtag #BrazilWasStolen (Brasil foi roubado) chegou ao top 10 dos trend topics mundial na sexta-feira.

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