Depois de um domingo gelado, com sensação térmica abaixo de zero graus em vários municípios de Mato Grosso do Sul, esta segunda-feira continua fria. Pela manhã, na capital, a mínima registrada foi de 7.9°C. Ainda houve registro de geada em Iguatemi, Ponta Porã, Rio Brilhante e Sidrolândia. Em Rio Brilhante, a mínima chegou a 2°C com sensação térmica de -2°C.
Pouco frio — No entanto, todo esse frio não deve ser a marca dos próximos 94 dias (começando a contar do dia 20 de junho, quando oficialmente começa o inverno). É o que descreve o estudo do Prognóstico de Inverno / 2022 da Uniderp, assinado pelo meteorologista Nathálio Abrahão Filho. “O Inverno inicia-se às 00h32 (Hora de Brasília) do dia 21 de junho de 2021, mas para os Sul-Mato-Grossenses será no dia 20 de Junho. Nesta estação, que compreende os meses de Junho, Julho e Agosto, as temperaturas são climatologicamente amenas. Nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste, este trimestre é considerado o menos chuvoso do ano. Neste período, o principal sistema meteorológico é a frente fria. Estes sistemas são, geralmente, de fraca intensidade, embora possa ocorrer a passagem de sistemas frontais mais intenso, causando chuvas generalizadas nas Regiões Sul e Sudeste do Estado. Após a passagem de frentes frias, observa-se a entrada de massas de ar frio que, dependendo da sua trajetória e intensidade, provocam queda de temperatura e ocasionalmente geadas em locais serranos. Outro aspecto meteorológico que vai se observar muito durante o inverno, são as inversões térmicas que irão causar nevoeiros e neblinas fechando aeroportos e estradas. Estas inversões, muitas vezes, permanecem durante o período da manhã”, descreve o meteorologista no relatório.
Seco — A característica do inverno que está mantida é a falta de chuvas. Aliás, a previsão é que os índices pluviométricos neste ano fiquem abaixo das médias históricas. “As previsões indicam probabilidades de precipitação abaixo da média histórica no Sul da América do em Junho-Julho. Os meses de Agosto e início de Setembro serão de estiagens dentro da climatologia com ausência de chuva. Não se descartam períodos longos, acima de 30 dias, com estiagens ou com pouca chuva na capital. Estas devem ocorrer de forma irregular e serem mal distribuídas, em baixo volume, nos finais de tarde e com valores apenas próximos das médias históricas. Os modelos mostram redução dos índices pluviométricos a partir de meados de Julho no Centro-Norte, Nordeste e Leste do Estado em torno de 25%. Essas chuvas prosseguem abaixo das médias nessas regiões. Deve haver chuvas dentro das médias no Sul, Sudoeste e Sudeste do Estado. Os maiores totais de chuva, somados, no trimestre, não serão superiores a 100 mm, nas Regiões Norte e nordeste. Dentro deste valor na região centro, sudeste, sudoeste e sul. Para Campo Grande, a média no trimestre é de 179,3mm e o esperado é de 135,0mm”, avalia o professor Nathálio.
Calor e umidade — No mês de agosto, em alguns municípios do Estado, há chance de chuvas dentro das médias, que são pequenas, em torno de 20mm, com viés de possibilidade de estiagem e temperaturas muito elevadas, acima de 35 graus. A umidade relativa pode bater recordes abaixo de 15%. No mês de julho, nas regiões Norte, Leste e Sudeste, há 60% de chances de não chover. Já nas regiões Sul e Sudoeste, a possibilidade de estiagem é bastante significativa, com 60% de ocorrer. As primeiras chuvas devem ocorrer depois do dia 10 de setembro nas regiões leste e sudeste. Nas regiões central e sul as chuvas se iniciam a partir do dia 08, também de setembro, e com fortes ventos. “A temperatura do ar terá grande diferença entre a máxima e a mínima, apresentando amplitude térmica que pode e deve ultrapassar os 15°C. As máximas em Campo Grande, Três Lagoas, Ribas do Rio Pardo, Água Clara, Aquidauana e Corumbá, durante o dia devem, ocasionalmente, alcançar valores elevados (acima de 30°C) durante a estação, embora seja a mais fria do ano. Isto ocorre devido aos bloqueios atmosféricos fortalecidos por massas de ar quentes e secas. Este bloqueio pode estender-se por várias semanas, mantendo as condições do tempo estável, ensolarados, sem chuva, baixa umidade do ar, pouca nebulosidade e alta concentração de poluentes. A umidade relativa do ar, devido à ausência de chuva registram números inferiores a 30%”, relata o meteorologista.
La Niña — O fenômeno de resfriamento das águas do oceano Pacífico é um dos causadores desse comportamento climático no inverno 2022 no Centro Oeste brasileiro. Em abril de 2022, as temperaturas da superfície do mar equatorial (SSTs) no Oceano Pacífico tropical centro-leste estavam abaixo da média, e a atmosfera tropical do Pacífico permaneceu consistente com as condições de La Niña. A previsão do CPC-ENSO do início de Maio, indica que La Niña provavelmente persistirá durante o INVERNO no Hemisfério Sul com 69% de chance entre Jun-Ago 2022, enfraquecendo durante Setembro e Outubro. As principais variáveis oceânicas e atmosféricas permanecem consistentes com as condições de La Niña, embora os ventos do leste e as temperaturas do oceano pacífico estejam ligeiramente frias tenham enfraquecido. A grande maioria dos modelos prevê que os SSTs (temperaturas da superfície do mar) permaneçam abaixo do normal no nível de um La Niña fraco até setembro de 2022.
Com informações: Prognóstico de Inverno 2022 – UNIDERP