A “invasão” aconteceu na noite de sexta-feira (02/09) no Condomínio Cachoeirinha II, próximo ao Shopping Campo Grande. Uma moradora chegava de carro e levou um grande susto quando viu o animal próximo à portaria subindo na direção do portão. Sem reconhecer a espécie, rapidamente gravou o bicho e acionou o subsíndico.
O animal foi identificado como um ouriço, popularmente chamado de porco-espinho, o que não é propriamente verdade, já que tratam-se de duas espécies diferentes, mas de uma mesma família. Roedores na acepção técnica da palavra, uma vez que pertencem à ordem Rodentia, os porcos-espinhos consistem em duas grandes famílias: a Hystricidae, referente às espécies do Velho Mundo, e Erethizontidae, referente às espécies do continente americano. Ambos têm hábitos noturnos.
Os espinhos são uma das maneiras de diferenciar um porco-espinho de um ouriço. Enquanto os espinhos dos ouriços são curtos, com 2,5 cm de comprimento, os dos porcos-espinhos podem chegar a 7,5 cm.
Além disso, os espinhos de um ouriço estão espalhados em menor quantidade pelo corpo e não caem com tanta facilidade, apresentando um padrão de queda semelhante ao dos pelos humanos. Já os espinhos dos porcos-espinhos são mais longos, mais firmes e se soltam mais facilmente.
A esse respeito, vale destacar que, ao contrário do que muitos pensam, devido à representação dessas espécies nos desenhos animados, em parte, os porcos-espinhos não são capazes de “arremessar” espinhos na direção de predadores. O que acontece é que esses espinhos já soltos ou facilmente destacados entram no focinho dos predadores quando eles tentam atacar o roedor. Por esse motivo, em locais com ocorrência desse animal, é fundamental ficar atento e cuidar para os cachorros não enfiarem o focinho onde não foram chamados.
Os moradores do condomínio chegaram a notificar o corpo de bombeiros para fazerem a captura do animal, uma vez que ele aparentava ter um grande ferimento nas costas. No entanto, foram informados que a corporação não faz esse tipo de captura. Diante dessa informação, o subsíndico Sérgio Melo Filho orientou para que os moradores mantivessem crianças e cães seguros dentro dos apartamentos para evitar acidentes. De acordo com Sérgio, a presença de animais silvestres no condomínio não é incomum, mas esta foi a primeira vez que aparece esta espécie. “Durante a noite, é possível ver muitas capivaras no terreno vizinho daqui. Já vimos quatis, um lobinho, um mutum que passou meses frequentando nossas garagens, além de alguns gambás, que estavam sempre subidos nos pés de pitanga ou andando nos muros. Sem contar os urubus que às vezes vêm fazer ninho nos telhados. Já estamos acostumados com a presença desses bichos”, afirmou.
De acordo com o tenente coronal Ednilson Queiroz, responsável pela comunicação da PMA, a captura de animais silvestres só é permitida quando o animal oferece algum risco a alguém ou então se existe algum risco para o próprio animal. “A população de Campo Grande e também de todo o Estado de Mato Grosso do Sul escolheu ter grandes reservas de áreas verdes, unidades de conservação que preservam a fauna local e gosta dessa convivência. Diante disso, ela tem aprendido a conviver com esses animais. E conviver com eles é não se aproximar, evitar que as crianças se aproximem e deixar que o animal siga o seu curso. (O animal) Entrou em um quintal que não consegue sair, ou entrou em uma residência e não consegue sair, aí então, se pode fazer a captura”, destacou o militar.