Ezequiel Lemos Ramos, de 39 anos, foi preso em flagrante após matar a tiros a ex-mulher e o filho caçula, em frente a uma escola na Zona Leste de São Paulo. O crime aconteceu nesta segunda-feira (12/09) e foi registrado por câmera de segurança. O vídeo foi compartilhado milhares de vezes nas redes sociais
Morador da cidade de Ponta Porã (MS), região sul de Mato Grosso do Sul, Ezequiel tinha registro de CAC (colecionador de armas, atirador desportivo e caçador). As imagens da câmera de segurança mostram o instante em que Ezequiel aparece correndo pela Avenida Rodolfo Pirani, no Parque São Rafael. Em seguida, ele atira com uma carabina em direção ao carro onde estavam a ex-esposa, Michelli Nicolich, de 37 anos, e os dois filhos do ex-casal, de 2 e 5 anos. O Fiat Uno branco das vítimas chegou a bater num poste perto da escola infantil O Rei Leão, onde as crianças estudavam.
Em seguida, o vídeo mostra Ezequiel se aproximando do automóvel e atirando novamente. Além da mulher, o filho mais novo, Luiz Inácio Nicolich Lemos, também foi atingido pelos disparos. Os dois chegaram a ser socorridos para hospitais da região, mas não resistiram aos ferimentos. O menino mais velho sobreviveu porque não foi atingido pelos disparos.
Em 19 de maio deste ano, Ezequiel chegou a ser preso em Ponta Porã, no Jardim Botânico, onde vivia com Michelli e os dois filhos, por ameaça e por posse irregular de arma de fogo de uso permitido. Na ocasião, Michelli contou que o casal teve uma discussão por causa de ciúmes e que naquele dia o marido chegou da faculdade exigindo que ela saísse do imóvel.
Naquela ocasião, Michelli pediu um tempo ao companheiro. Armado com uma pistola, o marido passou a ameaçá-la, engatilhou a arma e apontou para a sua cabeça e teria dito: “vou ficar longe de você pra eu não dar um tiro na sua cara, pra eu não ser preso, não preciso pagar pistoleiro, eu mesmo faço”.
Documentos da arma e munições apreendidos quando Ezequiel foi preso em Ponta Porã (MS). Foto: Divulgação Polícia Civil
Michelli conseguiu fugir e acionou a polícia. Na casa, foram apreendidas 152 munições. Ezequiel chegou a escapar da polícia, mas depois voltou e acabou preso em flagrante. Indagado se tinha armas em casa, ele informou que era CAC e que tinha deixado a arma na casa de um amigo em Pedro Juan Caballero, no Paraguai.
À época, Micheeli pediu medida protetiva, mas 8 dias depois deixou Mato Grosso do Sul e se mudou para São Paulo. Ezequiel cursava medicina no Paraguai e chegou a usar tornozeleira eletrônica enquanto respondia a processo por violência doméstica.
Assassinato e Prisão — No depoimento dado à polícia após ser preso, Ezequiel afirmou que Michelle lhe aplicou um golpe de R$ 70 mil e, por isso, ele foi até o local para “acertar as contas com ela”. O suspeito disse que não sabia que os filhos estavam no carro.
O caso foi registrado no 49° Distrito Policial de São Mateus, onde Ezequiel passou a noite na carceragem. Nesta terça-feira (13), ele passa por audiência de custódia e deve responder por dois homicídios qualificados e uma tentativa de homicídio. Os corpos de Michelle e do filho de 2 anos serão sepultados no cemitério Horto da Paz, em Itapecerica da Serra, na região metropolitana de São Paulo.
Política – Parte da imprensa logo explorou a informação de que o assassino tinha registro de posse de arma como CAC tentando associar a imagem do assassino à do atual presidente da república e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, defensor da facilitação do comércio e posse de armas no Brasil. No entanto, as imagens do assassino revelaram justamente o contrário. Ezequiel é um grande admirador do ex-presidente e candidato à presidência nas eleições deste ano, Luís Inácio Lula da Silva. O nome do filho mais novo – Luís Inácio – foi dado em homenagem ao ex-presidente. Ezequiel também traz uma tatuagem do rosto de Lula no ombro esquerdo. No entanto, essa admiração do assassino pelo atual candidato petista não foi explorada nos tradicionais veículos de comunicação.