A fala do presidente Jair Bolsonaro durante o último debate entre os candidatos à presidência da república: “Votem no Capitão Contar”, pode ter sido decisiva para mudar a corrida pelo governo do Estado de Mato Grosso do Sul.
Capitão Contar, do PRTB, e Eduardo Riedel, do PSDB, lograram êxito nas urnas neste domingo e desbancaram nomes de peso na corrida pelo comando de Mato Grosso do Sul, Estado rico em biodiversidade e um dos polos da agropecuária do país.
Já não bastasse ser base eleitoral de duas candidatas à Presidência, Simone Tebet (MDB) e Soraya Tronicke (União Brasil), Mato Grosso do Sul experimentou, nas eleições deste ano, uma das disputas de 1º turno mais acirradas e surpreendentes de sua história recente.
Com os postulantes ao cargo de governador embolados nas pesquisas de intenções de voto, a decisão sobre quem vai comandar o Mato Grosso do Sul pelos próximos quatro anos acabou adiada para o segundo turno.
Capitão Contar subiu nas pesquisas de intenção de voto na reta final da campanha após ver seu nome recomendado por Bolsonaro no debate promovido pela TV Globo. Pressionado por sua rival nas urnas, Soraya Tronicke (União Brasil), Bolsonaro declarou apoio, por cerca de 1 minuto, ao candidato do PRTB, que, ironicamente, passou a campanha inteira buscando aliança com o atual presidente.
Com o slogan “Capitão lá, Capitão cá”, Contar chegou a dizer em entrevistas que Bolsonaro não tinha um nome para o governo de Mato Grosso do Sul neste ano. E que a neutralidade demonstrada pelo mandatário não seria “um problema”. O problema foi que o “vote no Capitão Contar”, emitido por Bolsonaro em rede nacional, causou um “incêndio” nas costuras políticas locais, uma vez que o candidato apoiado pelo partido de Bolsonaro, o PL, era Eduardo Riedel (PSDB), ex-secretário de Governo e Infraestrutura de Reinaldo Azambuja.
Com o resultado da apuração no final do domingo, ficaram de fora da disputa ao segundo turno o ex-governador por dois mandatos, André Puccinelli (MDB) e Marquinhos Trad (PSD), que havia deixado o comando da prefeitura de Campo Grande para buscar a eleição ao governo estadual. Trad viu uma rejeição contra seu nome crescer quando passou a ser investigado, neste ano, por suspeita de assédio sexual contra mulheres. Ele nega as acusações.
Já o ex-governador André Puccinelli, que sempre apareceu na liderança das pesquisas, não se confirmou na abertura das urnas. O restante dos postulantes ao governo sul-mato-grossense, como Trad, Riedel, Capitão Contar e a ex-vice-governadora Rose Modesto (União Brasil), figuravam em posições muito próximas nas intenções de voto, situação que dava a qualquer um dos quatro candidatos alguma chance de ir ao segundo turno.
Outros três candidatos, todos oriundos de partidos da esquerda, concorreram ao governo de Mato Grosso do Sul, mas não obtiveram êxito nas urnas. São eles: Giselle Marques (PT), Adonis Marcos (PSOL) e Magno Souza (PCO).
Em seu plano de governo, de 62 páginas, Contar prometeu implantar o maior programa social de habitação popular do estado; erguer escolas cívico-militares, criar um cinturão de segurança na fronteira; e promover, de forma gradativa, a desoneração fiscal de produtos essenciais.
Já Eduardo Riedel viu seu nome crescer nas pesquisas, mas ainda enfrenta a pecha de ser rosto desconhecido entre a maioria do eleitorado. Em sua campanha, enfatizou o trabalho que exerceu ao longo de seis anos como integrante do secretariado de Reinaldo Azambuja.
Com apoio da máquina pública, do atual governador como cabo eleitoral e uma coligação formada por seis partidos, teve maior tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV no primeiro turno. Tem, como vice, o deputado estadual Barbosinha (PP) em sua chapa.
Em seu plano de governo, de 38 páginas, Riedel prometeu ampliar o programa local de transferência de renda “Mais Social”, para parcelas de R$ 450; construir mais policlínicas; e incentivar novas cadeias produtivas no estado.
Com informações: Info Money