A ministra Marina Silva declarou que 120 milhões de pessoas passam fome no Brasil, durante painel no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), na última segunda-feira (16/01). No dia seguinte, Marina deu um outro número: 33 milhões, sem reconhecer o erro cometido na véspera.
Os números citados por Marina Silva são de um estudo divulgado em junho de 2022. De acordo com os dados levantados pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan), 33 milhões de pessoas estão em situação de insegurança alimentar grave no Brasil. No entanto, a pesquisa não afere quantas vezes o indivíduo entrevistado teria passado fome nos últimos 3 meses por falta de dinheiro. Ou seja, alguém que diz ter passado fome uma vez nos últimos 90 dias equivaleria também a quem passou fome diariamente nesse mesmo período por falta de recursos financeiros.
No entanto, o documento da ONU intitulado ‘Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional 2022’ informa que o Brasil tem 4,1% da população subalimentada, o que equivale a quase 9 milhões de pessoas. O relatório anual foi divulgado na quarta-feira (18/01).
Conforme o estudo, a Venezuela é a que mais tem pessoas passando fome na América do Sul. A pesquisa deu conta de pouco mais de 20% da população nesse estado. A porcentagem diz respeito a 6,5 milhões de pessoas.
Entre outros motivos, a FAO responsabiliza o conflito entre Ucrânia e Rússia pelo aumento dos preços dos alimentos no mundo, além da pandemia de covid.
Os números obtidos pela FAO também põem em xeque a pesquisa da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar, segundo a qual o Brasil tem 33 milhões de brasileiros passando fome, que foi citada pela ministra.
Como medida de enfrentamento da fome no Brasil e em outros países, a ONU sugere políticas de mercado que possam facilitar e baratear a produção e venda de alimentos, a fim de melhorar a segurança alimentar de mais famílias.
“As políticas comerciais e de mercado podem desempenhar um papel fundamental na melhoria da segurança alimentar e nutricional, já que mediante uma maior transparência e eficiência se reduz a incerteza e se melhora a previsibilidade e estabilidade do comércio agroalimentar inter-regional”, observa a ONU.
Com informações: Terra Brasil, Revista Oeste, Poder 360