Agentes da Polícia Nacional e do Ministério Público do Paraguai participaram, na manhã desta sexta-feira (10), de uma operação especial para apurar denúncias de venda de carne de cavalo em açougues da cidade de Luque, na região metropolitana de Assunção, como se fosse bovina.
Como resultado da ação, houve a apreensão de cerca de 1.500 quilos de proteína e pelo menos sete estabelecimentos foram fechados por infrações às normas sanitárias e ao Código de Defesa do Consumidor. Conforme as apurações, a carne equina teria origem no Brasil e na Argentina, sendo introduzida ilegalmente em território paraguaio
“O processamento é feito no nosso país. Eles misturam a carne de cavalos nacionais com a carne que entrou de forma ilegal, tanto do Brasil quanto da Argentina”, disse o promotor Eugenio Ocampos, em declarações à Radio Ñandutí. “Geralmente, os açougues vendem como bifes ou carne moída. Se você tem conhecimento, é possível ver a diferença de cor e de textura em relação à carne bovina.”
Segundo Ocampos, um dos locais fechados pela comitiva vendia exclusivamente carne equina, sem qualquer documentação de procedência. O promotor não descartou ainda que, além dos estabelecimentos denunciados, açougues de outras cidades da região de Assunção estejam incorrendo na mesma prática.
Já o delegado Nelson Vera, da Polícia Nacional, informou ao canal NPY que um dos pontos que chamaram atenção foi o preço, abaixo da média da região. “Todos os cortes são de carne equina. Aqui chegam veículos que levam o produto em grande quantidade e seguramente distribuem para locais que vendem lanches a preços baixos”, estimou.
O consumo de carne de cavalo não é proibido no Paraguai, no Brasil ou nos demais países da região, desde que o abate e o manuseio do produto obedeçam às normas sanitárias em vigor. As irregularidades detectadas em Luque são referentes à origem irregular do produto e à fraude de vender cortes equinos como se fossem bovinos.
Em entrevista ao NPY, o nutricionista Fidel Zenteno afirmou que a carne equina é uma das favoritas em países europeus, como Espanha, Polônia, França e países nórdicos, especialmente porque tem mais benefícios e melhor sabor do que a carne bovina. “A carne de cavalo é muito mais macia que a bovina, tem uma cor mais escura e é um pouco mais doce porque tem uma maior reserva de glicogênio na musculatura. Na hora de cozinhar, ela é reduzida muito porque tem muita reserva de água”, disse a profissional. Zenteno ressaltou que a carne de cavalo é recomendada para pessoas que têm uma grande quantidade de dislipidemia, ou seja, colesterol e triglicerídeos, ou qualquer tipo de lipídios no sangue. Ele esclareceu que isso ocorre porque a carne equina contém menos gordura por 100 gramas em comparação com a carne bovina. “Por outro lado, a carne de cavalo é muito mais fácil de digerir do que a carne bovina”, disse ele.
Com informações: Ultima Hora (PY)