Este é o último final de semana do verão 2022/23. O outono começa no hemisfério sul na próxima segunda-feira, dia 20 de março, às 17h25 (horário de MS), e vai até o dia 21 de junho, às 11h58, quando começará o inverno. O fator que marca essa mudança de estação é o tempo de exposição da luz do sol sobre o hemisfério, Nos dias 19 e 20 de Março os dias e noites terão as mesmas doze horas de duração. Já no final do outono, nos dias 21 e 22 de Junho, as noites serão as mais longas e os dias, os mais curtos do ano.
Nos primeiros dias do outono, as características do verão devem permanecer, principalmente com as pancadas de chuvas nos finais de tarde. O calor e a umidade relativa continuam elevados, com as temperaturas máximas ainda superando os 30 graus e a umidade relativa do ar acima de 65%. Com o passar dos dias as nuvens se reduzem e o céu vai ficando mais claro, associado a perda de umidade deixando os dias mais secos. Com isso, os índices de chuvas se reduzem continuamente e as madrugadas e manhãs vão ficando cada vez mais frias.
De acordo com o ‘Prognóstico de Outono’, divulgado nesta semana pelo serviço de meteorologia da Anhanguera/Uniderp, existe uma forte probabilidade de ocorrerem geadas no final da estação, já no mês de junho, quando as temperaturas devem cair abaixo dos cinco graus centigrados em locais mais baixos indicando presença de massas de ar polares, atingindo principalmente as regiões Sul e Sudoeste do estado.
Outra característica do outono que deve ser rapidamente percebida é que as temperaturas apresentam grande amplitude térmica, ou seja, uma grande diferença entre a máxima e a mínima diária, com calor durante o dia e frio à noite.
El Niño — O fenômeno de aquecimento das águas do Oceano Pacífico próximo à linha do Equador e que faz aumentar a quantidade de chuvas no Centro Oeste brasileiro está ausente já faz dois anos. Além disso, as águas do Pacífico naquela região estão abaixo das temperaturas consideradas normais para a época, caracterizando o que é chamado de ‘La Niña’. De acordo com o prognóstico de outono, as temperaturas das águas do oceano pacífico tropical central e oriental ainda estão alguns décimos mais frias que a média. Na previsão do no início de fevereiro deste ano, ocorreu a mudança para fraca La Niña até começo do Outono do Hemisfério Sul, passando a condição de neutralidade (sem La Niña e sem El Niño).
Os mapas acima mostram a previsão média de anomalias para a temporada meteorológica do Outono. O modelo climático do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas a Médio Prazo (ECMWF) prevê águas mais quentes que o normal, no oceano Pacífico equatorial.
O modelo climático do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas a Médio Prazo (ECMWF) prevê águas mais quentes que o normal, no oceano Pacífico equatorial.
Essas condições indicam a presença de um evento de curta neutralidade a um completo evento de El Niño, começando no inverno de 2023 e provavelmente, seguindo até o próximo outono de 2024. Isso é bom para a agricultura de Mato Grosso do Sul.
O atual La Niña se estendeu pelo terceiro ano consecutivo espera-se que seja a última fase do evento La Niña, aumentando a probabilidade de um evento El Niño para a temporada 2023-2024.
Mas, à medida que as anomalias oceânicas se desfazem, a influência atmosférica persiste por mais um tempo. Ou seja, a atmosfera vai continuar respondendo como se ainda existisse um La Niña.
A conclusão é que o outono caminha para neutralidade e termina com provável El Niño. A mudança de condição de Neutro pode favorecer anomalias de chuva (chuvas acima do esperado) além de variações de frio em maio e começo de junho com surpresas para a agricultura nos Estado. Este frio pode ser muito mais intenso.
Chuvas — A nova estação trará mudanças significativas no regime pluviométrico em todo o Estado. De acordo com o meteorologista Natálio Abrahão Filho, haverá redução nos volumes e nas medias das chuvas em grande parte do Estado. Podem ocorrer pequenos volumes de chuva em meio aos dias contínuos sem chuva. “No mês de março, entre Sidrolândia e Mundo Novo deve ocorrer muita chuva nos últimos dez dias, enquanto entre Campo Grande e Sonora esses índices podem ficar muito acima das médias. Já em Três Lagoas as chuvas devem ficar acima da média e em Corumbá, devem ficar até 50% acima das médias”, apontou.
Ainda de acordo com o meteorologista, junho não será um mês totalmente seco. A umidade relativa do ar sistematicamente deve oscilar em valores acima de 60% com frequentes nevoeiros e até chuva e chuviscos. Pode aumentar o volume de chuvas nos municípios do Sul, Sudoeste e Centro do Estado. “Os acumulados nos três meses, abril, maio e junho, podem ser próximos a 140mm entre Dourados, Ponta Porã e Amambai”, destacou o meteorologista.
Vai ter frio — As temperaturas no outono devem ficar acima da média durante uma boa parte da estação, mas abaixo da média já perto do início do inverno, principalmente nos meses de maio e junho, quando devem chegar massas de ar polar ao Estado, provocando frio intenso com chance de geadas.
A conclusão do meteorologista é clara. “As chuvas, nuvens, nevoeiros e ventos só ocorrem com a passagem de frentes frias provenientes do Sul do continente e, em alguns casos, acompanhadas de massas de ar polares. O mais frequente no outono de MS serão o ar quente e seco, principalmente a partir do início do mês de abril. Isso decorre do fortalecimento do Anticiclone na região central do país provocando bloqueios no avanço das frentes frias para o MS”, finalizou.