O Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul abriu inquérito civil para apurar o déficit de médicos socorristas ou emergencistas no atendimento à demanda de pacientes no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS). A denúncia partiu de uma médica que questionou a ausência de plantonistas e o risco no hospital. “Venho por meio desta solicitar a checagem de onde estão alocados os plantonistas da Cirurgia Geral do HRMS, pois há pelo menos 28 plantonistas da Cirurgia Geral, quase todos com 36 horas semanais para cumprir, e mesmo assim sobra para os plantonistas da Clínica Médica ter que atender pacientes da cirurgia geral, principalmente aos finais de semana, quando fica só um plantonista da cirurgia geral, que acaba ficando só no centro cirúrgico operando e deixando o pronto socorro por conta da Clínica Médica”, descreveu a médica.
A profissional que fez a denúncia aponta a dificuldade de assumir responsabilidades que são de outro setor. “Não tenho nenhum interesse em assumir responsabilidades que não são minhas, tendo que atender pacientes que deveriam ser atendidos pela cirurgia geral, além de tumultuar mais ainda o plantão da clínica médica, com pacientes que não seriam da especialidade, além de atrasar o tratamento definitivo destes. Sei que vários dias durante a semana existem muitos plantonistas da cirurgia geral, em torno de 3 de dia e 3 de noite, porém aos finais de semana a Cirurgia Geral fica abandonada, com 1 só cirurgião que não dá conta de resolver seu plantão, tendo que transferir sua função para os clínicos”, detalhou.
Ainda de acordo com a médica, as reclamações foram apresentadas à diretoria, mas os problemas continuaram, o que causa risco aos pacientes. “Não quero ter o risco de atender um paciente grave, com necessidade de cirurgia urgente, como uma úlcera perfurada, e esse paciente falecer em seguida e eu ter que responder na justiça por isso. É inadmissível que um hospital do porte do HRMS não tenha médicos suficiente, sendo que quase todos têm ao menos 36 horas por semana. Sendo assim, para segurança minha e dos pacientes, solicito providências para que esse descaso acabe”, conclui.
A promotora Daniela Costa estabeleceu 20 (vinte) dias para que a diretora do hospital, Marielle Alves, preste informações referentes à solicitação de contratação emergencial de plantonistas e cirurgiões para compor o quadro médico; que especifique o número de médicos que serão contratados; informe o andamento do concurso Público de Provas e Títulos para suprir o quadro de vagas de profissionais médicos socorristas ou emergencistas e diga quais providências foram adotadas para sanar as irregularidades constatadas através do Relatório de Vistoria n. 413/2022/MS pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de Mato Grosso do Sul (CRMMS).
Com informações: InvestigaMS Notícias