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Aumento do número de casos de leishmaniose em cães acende alerta para a doença em humanos

Pesquisadores da Fiocruz Mato Grosso do Sul expressam preocupação com o crescente número de cães diagnosticados com leishmaniose em diversos Estados do Brasil, levantando suspeitas de uma possível disseminação da doença em humanos. Diante dessa situação, especialistas apontam a necessidade urgente de intensificar as ações de vigilância, controle vetorial e educação da população para conter o avanço da doença.

De acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde de Mato Grosso do Sul, o estado registrou mais de 1.613 casos de leishmaniose entre 2011 e 2022. Notavelmente, a cidade de Corumbá apresentou uma incidência significativa, com uma média de 6,9 casos por 100 mil habitantes. Recentemente, uma tragédia comprovou os perigos da doença: uma criança de apenas 1 ano foi diagnosticada com leishmaniose visceral no município e veio a óbito em 6 de julho.

A leishmaniose é transmitida por parasitas do gênero leishmania e se tornou uma crescente preocupação em várias partes do mundo, incluindo o Brasil. O pesquisador em Saúde Pública da Fiocruz Mato Grosso do Sul, Eduardo de Castro Ferreira, sugere que o aumento de casos pode estar associado à migração de cães infectados, que servem como “reservatórios” do parasita, e ao acúmulo de matérias orgânicas, ambiente propício para a reprodução do mosquito-palha, responsável por transmitir a doença.

“Esses animais podem funcionar como fonte de infecção para os vetores, aumentando o risco de transmissão da doença para humanos. Se não tomarmos medidas urgentes de controle e prevenção, a leishmaniose em humanos pode se espalhar significativamente em nosso país”, alerta Ferreira.

Além do desafio de controlar a disseminação da doença entre cães, há uma questão de saúde pública relacionada à capacidade dos centros de zoonoses em atender a todos os animais afetados. A leishmaniose não tem cura, mas pode ser tratada. Os principais sintomas em cães incluem unhas grandes, magreza excessiva e feridas na orelha e cotovelos. Os animais podem comer, mas têm dificuldade em ganhar peso. Diante desse cenário, o diagnóstico precoce em cães é fundamental para conter a propagação, e medidas individuais de proteção, como o uso de repelentes e coleiras repelentes para cães, bem como telas de proteção em residências, podem ser adotadas para prevenir a infecção.

No contexto mundial, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que existam cerca de 1 milhão de casos de leishmaniose por ano, com aproximadamente 20 mil óbitos decorrentes da doença. No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, entre 2011 e 2020, foram confirmados mais de 33 mil casos, com uma média de 3,3 mil por ano, abrangendo todas as regiões do país, com a leishmaniose visceral sendo predominante em algumas localidades.

A leishmaniose é uma doença complexa, apresentando diferentes formas, incluindo a visceral, mais grave, que afeta órgãos internos como fígado, baço e medula óssea, e a cutânea, que causa lesões na pele. Os insetos vetores, conhecidos como “mosquito-palha” ou flebotomíneos, são responsáveis pela transmissão do parasita.

Para enfrentar esse problema de saúde pública, a pesquisa e a colaboração entre instituições como a Fiocruz Mato Grosso do Sul e as Secretarias de Saúde são fundamentais. A conscientização da população, juntamente com o controle vetorial e o diagnóstico precoce, desempenham um papel crucial na luta contra a leishmaniose e na prevenção de seu avanço para outras regiões do país.

Com informações: Assessoria Fiocruz

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