O fenômeno El Niño, declarado no último mês, continua presente no Oceano Pacífico e está projetado para persistir até pelo menos o início de 2024. Esse evento climático está se caracterizando por um gradual e constante aquecimento das águas superficiais do mar na faixa equatorial, marcando um El Niño moderado a intenso.
De acordo com o boletim semanal da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA) dos Estados Unidos, a anomalia de temperatura da superfície do mar na região Niño 3.4, no Pacífico Equatorial Central, atingiu 1,1ºC, situando-se na faixa de El Niño moderado. Por outro lado, a região Niño 1+2, próxima ao Peru e Equador, registrou uma anomalia de +3,4ºC, caracterizando um El Niño costeiro muito intenso. Esses valores são os mais altos em quase 25 anos para essa parte do Pacífico.
O El Niño deste ano está apresentando particularidades notáveis. Diferentemente de eventos passados, em que o aquecimento anômalo se restringia principalmente ao Pacífico Equatorial, agora diversas partes dos oceanos ao redor do planeta também estão superaquecidas. O Atlântico Norte, por exemplo, registra anomalias de temperatura nunca antes vistas, influenciando na ocorrência de ondas de calor brutais no Hemisfério Norte durante o verão.
Essa ampla superaquecimento dos oceanos tem levantado questionamentos sobre o comportamento da atmosfera diante dessa situação. Cientistas da NOAA afirmam que, devido à distribuição global do aquecimento, é difícil prever a resposta atmosférica de forma clara e previsível. Em eventos anteriores, quando o El Niño era o “dono do campinho”, ou seja, o principal motor das alterações climáticas, a resposta atmosférica era mais evidente. Entretanto, com o aquecimento abrangente nos trópicos, a resposta torna-se mais confusa.
A equipe da MetSul projeta que os efeitos do El Niño serão mais sentidos no Sul do Brasil, com chuvas e temperaturas acima da média e risco de enchentes e temporais frequentes. Especialistas alertam para possíveis grandes excessos de chuva no Rio Grande do Sul e região sul durante os últimos três a quatro meses deste ano, coincidindo com a intensificação do El Niño, que deverá alcançar sua força máxima.
Com a perspectiva de um evento forte a muito forte, o fenômeno El Niño torna-se motivo de atenção e preocupação para especialistas em clima em todo o mundo. Suas implicações nas condições climáticas globais ainda não são completamente compreendidas, mas estudos estão sendo realizados para entender como esse cenário complexo pode influenciar a atmosfera e o clima nos próximos meses.
Diante desse panorama, é fundamental que autoridades e população estejam atentas e preparadas para enfrentar possíveis consequências do El Niño, adotando medidas de adaptação e mitigação para minimizar seus impactos na sociedade e no meio ambiente.
Com inoformações de Estael Sias, MSc., autora de MetSul.com e meteorologista formada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). Mestre em Meteorologia pela Universidade de São Paulo (USP). Sócia-diretora da MetSul Meteorologia