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Verão de calor extremo no hemisfério norte gera expectativas para o verão no Brasil

Sucessivas e históricas ondas de calor marcam o verão do Norte do planeta sob um mundo mais quente por efeito estufa e El Niño

O Hemisfério Norte vem enfrentando uma sucessão de eventos climáticos extremos, com recordes históricos de temperatura e períodos excepcionalmente quentes e prolongados. Diversas regiões têm sofrido com ondas de calor intensas, quebrando marcas históricas.

Temperaturas extremas — Nos Estados Unidos, a cidade de Phoenix registra 43ºC ou mais todos os dias há quase um mês, enquanto na Califórnia, no Vale da Morte, a temperatura chegou a atingir 53ºC. Miami, por sua vez, encara sua onda de calor mais duradoura da história. Na Europa, o Sul do continente, assim como o Norte da África e parte do Oriente Médio, são castigados por uma brutal onda de calor, afetando países como Espanha, Grécia e Itália, com Roma atingindo quase 42ºC e o Sul italiano chegando aos 48ºC.

A Ásia também vem registrando recordes de calor, com a China alcançando uma temperatura de 52,2ºC no Noroeste do país, estabelecendo um novo recorde nacional absoluto de temperatura máxima. Essas ondas de calor extremas têm sido impulsionadas tanto pela variabilidade natural do clima quanto pelas emissões contínuas de gases que retêm o calor, em especial provenientes da queima de combustíveis fósseis. Além disso, o retorno do fenômeno climático El Niño contribui para aumentar as temperaturas em todo o mundo.

Ano mais quente da história — Julho de 2023 tem sido particularmente marcante, com registros de altas temperaturas quebrando recordes diários. Junho do mesmo ano já foi considerado o mês mais quente já registrado na Terra, e as duas primeiras semanas de julho foram as mais quentes desde, pelo menos, 1940.

Como ficará o Brasil? — Diante desse cenário, a pergunta que surge é: o calor extremo no Hemisfério Norte é um indicativo para o verão brasileiro? Essa questão é complexa de responder, considerando as características climáticas do Brasil. As áreas castigadas pelo calor extremo no Hemisfério Norte têm seus meses mais quentes durante o verão. Entretanto, em parte do Brasil, as temperaturas mais altas do ano não ocorrem tradicionalmente nessa estação, mas sim no fim do inverno e no começo da primavera. O período de junho a setembro marca a estação seca no Centro do Brasil, afetando o Centro-Oeste e o Sudeste.

Olhar 67 - Verão de calor extremo no hemisfério norte gera expectativas para o verão no Brasil

O calor excessivo no Hemisfério Norte não necessariamente indica que o Brasil também enfrentará calor extremo durante o verão. A regulação dos extremos de calor no Brasil é fortemente influenciada pela sazonalidade da chuva. As áreas com estação seca tendem a sofrer com temperaturas mais altas no final do inverno e início da primavera. Por exemplo, Goiânia e Uberaba têm suas maiores médias máximas em agosto e setembro, enquanto São Paulo registra seus extremos de calor no final da estação seca, em setembro e outubro.

Combo climático — Apesar disso, é importante ressaltar que as mudanças climáticas e os eventos extremos que ocorrem no Hemisfério Norte podem ter impactos no Brasil. A combinação de ondas de calor marinhas, El Niño de forte intensidade e o aquecimento do Atlântico na costa brasileira pode levar a extremos térmicos de calor excessivo em áreas do Sudeste, Centro-Oeste, Sul da região amazônica e interior do Nordeste entre setembro e novembro.

Para o verão de 2024, o Rio de Janeiro pode ser uma das cidades mais afetadas pelo calor extremo, tanto pelas altas médias de temperatura quanto pelos extremos térmicos. O Sul do Brasil, especialmente o Rio Grande do Sul, também enfrenta risco elevado de repetir os extremos de calor de 2023 no Hemisfério Norte. Embora o verão próximo deva ter mais chuva e umidade do que nos anos anteriores sob La Niña, a frequência de dias abafados com noites mais quentes e tempestades de verão aumenta, podendo resultar em ondas de calor mais persistentes e extremas.

Em resumo, embora o calor extremo no Hemisfério Norte não seja um indicativo direto do verão brasileiro, as mudanças climáticas e os eventos ocorridos no Hemisfério Norte podem influenciar as temperaturas no Brasil. A tendência é de que o país enfrente um verão escaldante, com altas probabilidades de temperaturas acima da média em quase todas as regiões, sobretudo durante a primavera e o verão.

Publicado originalmente em Metsul.com

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