Campo Grande completa anos de história neste sábado, 26 de agosto. Na cidade de característica singular, onde o desenvolvimento e a natureza caminham juntas, diversas histórias paralelas se entrelaçam e ajudam a construir a trajetória da Capital Morena.
Entre elas, está a vida e obra do artista plástico Cleir, que seja dentro ou fora da cidade, não esconde seu amor pela cidade que nasceu e o inspirou e inspira na composição de cada obra. Mais que campo-grandense, Cleir é apaixonado assumido por Campo Grande, tanto que vários cartões postais têm sua assinatura. “Campo Grande é uma cidade maravilhosa, onde nasci e cresci, onde nasceram meus filhos e minhas netas. É a cidade da fauna, da flora e das araras e capivaras. É a Capital da inspiração”, relata o artista.
Autor de esculturas e painéis icônicos, Cleir é sempre lembrado quando o assunto é Campo Grande. “Já viajei e trabalhei em muitas cidades e todas foram acolhedoras, mas nada se compara a nossa capital. Não me imagino vivendo longe daqui e é uma honra saber que meu trabalho é parte dessa cidade. Nesses 124 anos desejo progresso e desenvolvimento à cidade e ao povo que faz de Campo Grande uma cidade única”, relata.
Tour pelas obras
Praça das Araras – Primeira grande obra pública de Cleir na Capital, o Monumento das Araras é um dos mais emblemáticos cartões-postais de Campo Grande. Construída em 1996, as esculturas de duas araras azuis e uma arara vermelha tem 10 metros de altura e estão localizadas na Praça das Uniões, que se tornou popularmente conhecida como Praça das Araras. Em 2020, a obra foi símbolo de uma campanha inédita, que aliou arte e solidariedade. “Do Mesmo Sangue” foi idealizada por meio de parceria entre a Secretaria de Estado de Saúde, Hemosul, Prefeitura Municipal e Sicredi e a cada 1 mil bolsas de sangue doadas, as araras receberiam nova pintura. A campanha foi um sucesso e mais de 5 mil bolsas de sangue foram arrecadadas, salvando muitas vidas e valorizando a arte regional.
Monumento Pantanal Sul – Carinhosamente conhecido como ‘Tuiuiús do Aeroporto’, o monumento apresenta quem chega à cidade o espetáculo da fauna do Cerrado, com três esculturas (medindo 6 metros de altura por 12 metros de envergadura) da ave símbolo do Pantanal. Inaugurada no ano 2000, a obra passou por revitalização no ano de 2018, quando um concurso cultural estimulou a população escolher nomes para as aves, que passaram a se chamar Zé Bicudo, Majestoso e Asa Branca.
Deusa da Justiça – Com 4,6 metros, a obra de 2002 está localizada em frente ao Fórum de Campo Grande, simbolizando Têmis, divindade grega que, com olhos vendados e uma balança na mão, representa a Justiça. Após a queda da venda da estátua, a obra passou por revitalização em 2020.
Monumento do Sobá – Obra de 2009 localizada na entrada da Feira Central, a escultura homenageia a Colônia Japonesa da Capital. Com a chegada dos primeiros imigrantes em 1914, Campo Grande tem a terceira maior colônia japonesa do País. O monumento de 4,5 metros de altura retrata um dos principais pratos da cultura japonesa, o sobá, uma tradição gastronômica de Campo Grande.
Capivara Urbana – Em 2017, Cleir esteve à frente do projeto Capivara Urbana, idealizado pela Águas Guariroba em comemoração pelos 118 anos de Campo Grande. Retratando um dos mais queridos e facilmente encontrados animais da fauna local, as esculturas de cinco capivaras medem 90 centímetros de altura, por 1,85 cm de comprimento e 60 centímetros de largura. Inspirada no Cow Parade, a iniciativa expôs as obras em pontos distintos da cidade e após alguns meses, as peças foram leiloadas e o valor arrecadado destinado a instituições sociais.
Painel Arara Azul – A obra de 1995 está localizada na lateral do prédio Exceller Plaza Hotel e homenageia uma das mais belas aves da fauna pantaneira. Em 2017 a obra foi revitalizada.
Painéis Arara Vermelha e Papagaio Verdadeiro – Inaugurados no ano 2000, os painéis estão no alto do Edifício 26 de Agosto, no coração de Campo Grande. Em 2019 as obras localizadas a 45 metros de altura (15 andares) foram revitalizadas, levando mais cor e vida à área central.
Alaúde do Pantanal – Um dos patrimônios históricos de Mato Grosso do Sul é a viola de cocho foi homenageada pelo artista na obra Alaúde do Pantanal. Construída sem nenhum patrocínio ou apoio público, a escultura mede 16 metros por 60 metros e expõe toda beleza do instrumento. Localizada em uma propriedade familiar, é aberta à visitação mediante agendamento.
O artista tem ainda obras de sua autoria em ambientes fechados, elaboradas de acordo com a encomenda, mas sempre valorizando a fauna e flora de Mato Grosso do Sul. Entre as obras estão o Jardim dos Beija-Flores (2004) e a Força Felina (2018). Há ainda diversas telas espalhadas em empresas, órgãos públicos e residências.
O asilo São João Bosco ganhou, em 2019, um painel de cerca de 3 metros, com a imagem de uma misteriosa onça pintada que leva alegria e cores à uma das alas do lar. Já em 2023, em alusão aos 100 anos da instituição, o artista doou uma de suas telas com duas araras azuis para ilustrar camisetas e objetos vendidos pela entidade, cujo lucro será revertido à manutenção do asilo.
Apenas na memória – Outras duas obras de Cleir foram apagadas, o que entristece o artista. Os painéis da Onça Pintada, de 1994 e do Tuiuiú, de 1995 foram apagados na última década, sem que o artista tivesse a oportunidade de revitalizá-las, restando apenas boas memórias a quem viu as pinturas no alto dos prédios da região central.
Para o artista, todas as obras têm grande valor sentimental e sua maior recompensa é saber que seu trabalho integra a memória cultural de sua terra. “Tenho orgulho em dizer que tenho obras por várias cidades de Mato Grosso do Sul e um grande acervo (o maior) no Paraná, em um trabalho realizado em 2021. Mas não escondo meu amor por Campo Grande e nada me alegra mais que ver, por exemplo, trabalhos escolares onde estas obras da Capital são estudadas. É o fortalecimento e valorização da cultura, da arte e das tradições locais. Tudo o que construí até hoje foi inspirado na fauna, flora e cultura regional”, revela Cleir.
Sobre o artista – Autodidata, Cleir registra mais de 30 anos de carreira. Começou a pintar aos 18 anos com influência hiper-realista, onde ele retrata em suas obras temas regionais e ecológicos, principalmente a natureza pantaneira, presente em quase toda sua arte. Seu trabalho é desenvolvido por meio da Canindé Produção Cultural.
Com informações: Assessoria de Comunicação.