Na Praça dos 3 Poderes em Brasília, o presidente Luiz Inácio e sua esposa desfilaram em carro aberto para ninguém. Mais grave que o vexame da ausência de público foi ver o casal acenando para arquibancadas vazias e gramados de verde brilhante sem a sombra da população que lotou o evento na mesma data do ano passado.
Na terça-feira (04/09), o jornal Folha de S. Paulo publicou notícia de que o governo federal teria convocado todos os servidores públicos da capital federal para comparecerem ao desfile cívico-militar para dar público cativo ao chefe do executivo. Não é possível saber se a medida foi realmente implementada.
Nas redes sociais, especializadas em vídeos, fervilharam as publicações mostrando veículos militares e tropas enfileiradas marchando diante de comércios fechados e calçadas desertas. Ninguém quis celebrar a data da Independência do Brasil neste ano. Um contraste absurdo, permitindo o uso de adjetivo, com o que foi visto no 7 de setembro de 2022 quando milhões de brasileiros lotaram as ruas e praças em pequenas e grandes cidades do País, para festejar o “Dia da Pátria”.
As imagens mais impactantes, além das de Brasília, que foram transmitidas ao vivo pelo Canal Brasil, foram vistas nas cidades de Campinas (SP), Belo Horizonte (MG) e São Paulo (SP). Em Campo Grande, apesar de pequeno, houve público considerável na rua 13 de maio para acompanhar o desfile cívico-militar. A maioria formada por familiares dos estudantes e militares envolvidos no desfile.
O motivo comentado para a ausência de prestígio para o evento tradicional no Brasil foi a postura das forças armadas diante dos apelos da população que se concentrou em frente aos quartéis por todo o Brasil nos meses de dezembro do ano passado e janeiro deste ano, até o fatídico dia 8 de janeiro, quando o atual governo, instruído pelo STF, decidiu prender idosos, adultos, jovens e crianças que pacificamente fizeram as vigílias em frente as unidades militares. Já as ações de vandalismo registradas nas sedes dos poderes em Brasília naquele dia continuam com as investigações prejudicadas por interferência do Ministério da Justiça e do próprio chefe do executivo, apesar das insistentes demandas apresentadas por parlamentares na Comissão Parlamentar de Inquérito instaurada para apurar as responsabilidades.
O desabafo da população pode ser traduzido nas palavras do ator e humorista Castrinho, que publicou um vídeo em suas redes sociais explicando a ausência do povo nas ruas para celebrar o dia da Independência.
“Um amigo meu me perguntou se eu ia às comemorações do 7 de setembro. Comemorar o quê? O país tem mais pra chorar do que pra comemorar. Comemorar a liberação da maconha, comemorar a liberação do aborto, comemorar o MST, comemorar todas esses gastos com viagens que o nosso, o de vocês, presidente, está fazendo? Comemorar o quê? Comemorar um supremo que manda prender patriotas porque eles estavam rezando em frente ao quartel e pedindo pela pátria? Não dá pra comemorar isso. E eles estão presos. Comemorar eles presos esse tempo todo? Comemorar o nosso ministro da justiça? Realmente, vocês acham que nós temos alguma vontade ou algum motivo para comemorar? Não, meus amigos, eu pelo menos não tenho. Aos oitenta e três anos, eu não tenho motivo nenhum para comemorar o sete de setembro. É isso aí, vamos esperar outro sete de setembro que virá, outros sete de setembro virão e nós vamos poder comemorar, com certeza”, declarou Castrinho.
Em um comentário de programa jornalístico, um determinado articulista de grande rede de comunicação afirmou contundente: O País está dividido. Fica a pergunta: Se o Brasil está dividido, e os institutos de pesquisa dizem que o atual presidente tem 53% de aprovação, onde está essa outra metade da população que estaria disposta a comemorar a festa deste feriado?